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domingo, 2 de dezembro de 2018

As lições de quem chegou ao equilíbrio financeiro

O momento do consumidor brasileiro é de alerta quanto as dívidas. Segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) Brasil e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o número de pessoas com o nome negativado chegou a 62,8 milhões de pessoas em outubro no País, crescimento de 4,22% comparado ao mês anterior. Apenas 28% se declaram compradores conscientes.

Sobre o assunto

Dívidas bancárias, que englobam cartão de crédito e cheque especial tiveram crescimento expressivo no período. Morador de Fortaleza, o agente administrativo Renato Borges já esteve na extensa lista de inadimplentes.
Ainda aos 18 anos, compras compulsivas no cartão de crédito universitário o levaram ao "fundo do poço". "O que eu achava bonito, comprava. E só comprava produtos de marca famosa, que são mais caros", lembra.
O descontrole financeiro, de 2007 a 2011, fizeram o então estudante que morava com os pais ficar endividado ao ponto de quase todo seu salário ser dedicado às faturas. "Passei meses pagando parcelamentos de 24 vezes, só sobravam R$ 80, R$ 100 para o resto do mês", diz.
O período de dificuldades, "necessário" para o aprendizado, acredita Renato, foram lição para ele desenvolver uma aversão a compras no cartão de crédito e comprometimento de quase todo o orçamento com dívidas. Atualmente, segue padrão de consumo regrado e se tornou adepto da poupança.
De 2012 e 2015, conseguiu juntar R$ 23 mil. O dinheiro foi usado na compra de uma motocicleta nova, um carro seminovo e, junto com as economias da esposa, comprou uma casa no bairro Paupina. A economia também serviu para preparar a chegada ao mundo de sua primeira filha, hoje com três meses de idade. "Se não tivesse mudado minha mentalidade, hoje não teria nada disso", afirma.
Para ele, é preciso se policiar muito para se livrar do consumo desnecessário. "Tenho que me regrar sempre, pois qualquer deslize, quando a situação parece estabilizada, é o suficiente para novas dívidas", acrescenta.
O alerta de Renato faz sentido. Segundo o SPC Brasil/CNDL, do total de consumidores negativados em outubro, 80% são reincidentes. Destes, 25% haviam regularizado a situação e 55% ainda estavam com dívida.
No Ceará, o cenário começa a melhorar. O ano foi positivo quanto à diminuição da inadimplência. A diretora da Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Cláudia Brilhante, explica que ter dívidas é normal, pois a maioria dos cidadãos tem despesas regulares, como contas de água e luz. Os que não conseguem pagar dívidas, os inadimplentes, é que são motivo de preocupação.
Porém, no Estado, o índice de consumidores nessa situação caiu pela metade  entre junho e novembro, de 12,6% para 6,3%.
"O consumidor teve que aprender a organizar as finanças, fazer um planejamento das contas da família e tentar cumprir esse plano", avalia Cláudia. Para ela, os dados refletem uma melhoria no cenário econômico do País. "No ano passado, a liberação dos recursos inativos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS/Pasep, neste ano, ajudaram o consumidor que priorizou as dívidas".
Samuel Pimentel
Renato Borges, agente administrativo (Foto: Mateus Dantas/O POVO)

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